sexta-feira, 18 de março de 2016

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Do seu interior flui, os acontecimentos do seu exterior

Em todo modo de vida, acontece dentro de  mim sempre um furacão, antes que realmente se torne uma atitude, por vezes ínfima lá fora, dentro é muito mais barulhento, dificilmente dentro de mim há silêncio, preciso me concentrar muito durante o sono pra que haja silêncio, que neste caso não é sinônimo de paz, neste caso o sinônimo é realmente o barulho dos meus pensamentos.

Como se num quadro negro gigante, estivesse lá no cantinho direito c² = a² + b² , e a infinidade do espaço do quadro para resolução , com rabiscos, e contas pequenininhas que tentam chegar ao resultado comum, anotações borradas que ninguém nunca vai entender o que de fato ela tem a ver com a conta, e até pequenos desenhos que estimulam o cérebro a esquecer da conta, pra que quando você lembre esteja com o resultado,como num passe de mágica.

Tudo que acontece lá dentro é como um jardim devastado pelas tempestades, vendavais, calor em excesso. A atividade se presume em plantar e colher, esperar quase nunca, esse é o processo mais doloroso e a expectativa mais deliciosa, fazendo com que tudo pareça valer a pena, concretizando na afirmação de que realmente vale.

É que se você, olhar pela janela só com os olhos, consegue ver só a claridade que lá dentro há, e um pedacinho do carpete felpudo por baixo do aparador que contém um porta retrato branco, com uma fotografia feliz, que esta no canto esquerdo da sala, caso queira se esforçar e puxar a cortina que te permite olhar apenas com os olhos, terá a visão ampliada, para os bancos coloridos que há em frente o balcão com uma torta preferida em cima, na temperatura que acabara de sair do forno, verá também a orquídea no cantinho direito do aparador, que antes você não conseguia enxergar, afinal não tinha puxado a cortina com as mãos, a orquídea esta bem no cantinho direito, porque propositalmente a fotografia do porta retrato do centro do aparador merecia mais destaque, pois o momento lá eternizado, era capaz de superar a beleza da orquídea.

A sala é grande, pode se enxergar muitos livros, um violão jogado sobre um canto que da pra um corredor que o leva para outro cômodo, se enxerga também as almofadas do sofá jogadas sobre outro carpete colorido no centro da sala de frente pra tv, e tem um dos pares de um tênis sujo por baixo de uma das almofadas, há um espelho na parede que o aparador se encosta, e caso debruce sobre o parapeito da janela conseguirá ver a luminária amarela sob uma escrivaninha próximo a porta, com muitas folhas com textos não terminados, muitas amassadas,outras rasgadas, postites  de anotações grudados no computador que tem a imagem de um pôr do sol.

E quando você estiver terrivelmente atento a cada detalhe  lá de dentro, o cheiro da torta te interfere, e a porta ao lado da janela onde você esta debruçado, será sua única saída, que não poderia ser outra a não ser entrar.




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